Fabiano Carnevale
Privacidade de Governo?
O debate sobre a abertura da lista governamental reacende a questão sobre como tratar os assuntos de Estado aqui no país. Sou amplamente favorável a abertura da lista. Não compreendo uma gestão eleita pelo Povo que compreenda que o governo é só do eleito e seus escolhidos. Questões como os relatórios da Chancelaria, deveriam ser postados numa lista da Chancelaria (e ainda assim, com uma lei que permitisse a publicação destes relatórios, no máximo, 2 anos após, pois falar de 5 anos em micronações é demais). A lista de governo pertence a sociedade. O governo não é uma instituição privada, que define suas estratégias num grupo de diretores. Um governo democrático precisa estar sempre disposto a tornar públicos os negócios de Estado.
A abertura da lista do governo reduz o campo de atuação dos governos de caráter, digamos, "não -republicanos", amplia os mecanismos de controle e pressão da sociedade sobre o governo, facilita a resolução de crises entre governo e oposição e demonstra por parte de Porto Claro, a disposição em transformar suas instituições em verdadeiros espaços públicos.
É possível também perceber a inutilidade da "proteção". Se formos contar o número de pessoas que assumiram ministérios nos últimos anos em PC, provavelmente daria mais de 50. Imagino que quase a totalidade da população ativa do país já participou da lista de governo e teve acesso a todos os seus arquivos. Qualquer aliado menos fiel pode "vazar" a lista, se quiser.
Alguém que achou absurda a idéia de abertura da lista, disse que seria tão absurdo quanto uma reunião ministerial do Lula ser transmitida ao vivo. Ora, isso seria extremamente interessante para a democracia de qualquer país. Teria livrado (ou afundado de vez) o Lula de diversas situações embaraçosas, como as críticas aos seus aliados e as dúvidas das pessoas se ele sabia ou não do esquema corrupto que o cercava.
Os Camaradas e Eu
Quem conhece bem a História de PC, sabe que tenho na minha biografia uma longa relação de amor e ódio com os marxistas, socialistas e camaradas em geral. Catapultei o famigerado PMTU ao posto máximo do governo portoclarense, depois de chegar até a dar um curso interno de marxismo (muito criticado por citar apenas o jovem Marx, a fase mais interessante e libertária do velho alemão).
Obsevando a estratégia golpista dos camaradas, comecei a expor as fragilidades do pensamento político dos camaradas, como articulista de um jornaleco próximo ao regime estalinista então instalado. Meus artigos já vinham com respostas prontas dos camaradas.
A caravana passa, e me vejo às voltas com mais "acusações" vindas diretas dos escombros do muro de Berlim. Agora, é o "neocamarada" que busca me atingir e acaba por fazer o jogo do grupo mais reacionário do país.
Sempre busquei a aproximação do neocamarada com a Frente Plural, ou, pelo menos, com a "esquerda" da FP e sempre fui rechaçado. Continuo a considerá-lo um dos personagens mais interessantes que apareceram em PC nos últimos anos, mas a seguir a tendência sectária que persegue boa parte dos socialistas, vamos sempre estar em caminhos divergentes. Principalmente, quando for protagonista da novela reacionária dirigida pelo juiz e pelo xerife.
Plenário Cheio
É fácil descobrir a diferença entre perseguição e bom jornalismo. A ANN diz que está atenta ao Senado e foi até capaz de perceber um pequeno erro do tipo "ctrl+c/ctrl+v" no encerramento da última OD. Só que perdeu a grande notícia do mês: novembro de 2006 entrou para a História do Poder Legislativo como o mês de maior atividade do Plenário.
Fabiano Carnevale
Presidente do Senado
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