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8.1.08 • 14:57
Confissões
Luiz Monteiro

Prezados Leitores, para esta minha primeira coluna após muito tempo sem escrever para imprensa, dúvidas atrozes me acometem incessantemente. Afinal, o que eu vou escrever nesta primeira coluna do ano, que se pretende semanal? Eu, em minha imensa pretensão e arrogância pensei: “Preciso achar um tema que seja fundamental, exasperante, corajoso e principalmente novo”.

Ainda, dentro de minhas divagações, o estilo de minha escrita logo tomou conta de todo o espaço de pensamentos, como que absolutamente imprescindível saber primeiro o “como” iria escrever para depois pensar no “que”. Lembrei dos Boletins do Ministério do Trabalho, quem em 1998 escrevia, de maneira muito simples, juntando as qualidades dos desocupados e a descrição dos postos de trabalho livres. Tempo remotíssimo, minha escrita mudara muito. Lembrei ainda de minhas passagens pela Folha de Porto Claro, onde escrevia colunas enormes analisando as condutas passadas, presentes e futuras de meus heróis e anti-heróis (nunca vilões) políticos, como Rafael Braga, Fabiano Carnevale, Francisco Russo, Daniel Saes, Aluízio Fagundes e outros que tive o privilégio de ver ocupar as cadeiras do poder.

Mas, ainda que pense nestes tempos com saudade e no ofício de então com certo orgulho, sei que hoje não sou mais o mesmo. Embora saiba que tenho a capacidade de manipular a palavra – e isso indiscutivelmente me dá prazer – não sou mais aquele jornalista. Depois lembrei do Papo de Botequim, poucas e engraçadíssimas edições – pelo menos em minha opinião. Geralmente escrevia o Papo de Botequim bêbado, ou pelo menos tentava. No dia seguinte, já sóbrio... Mentira! Menos bêbado, então àquele tempo vivia 24h por dia ébrio pelo álcool, relia o que escrevia e adorava! Fazia pequenas mudanças de estilo e mandava ao meu querido editor – Francisco Russo e o mesmo publicava sem alterar uma vírgula.

Não sou mais aquela pessoa, não bebo mais. Logo, apesar de não ser difícil retornar aquele tom, não é o que quero. Pois bem. Já escrevi três parágrafos num formato de conversa franca com o leitor, vou adotá-lo pois para o resto deste texto.

Uma vez definido “como”, subitamente sou devolvido as dolorosas dúvidas sobre o tema central do texto, o meu “o que”. Continuam me martelando as qualidades que o texto deve ter “fundamental, exasperante, corajoso e novo”.

Vários temas me passaram pela cabeça agora. Analisar a conduta do Chanceler de Porto Claro, colocando em xeque sua imprudente forma de dirigir-se em assuntos polêmicos, rememorando suas infindáveis e marcantes diferenças com o partido do Presidente da República e com o próprio Presidente da República. O absoluto contra-senso da indicação deste senhor e a aparente manutenção do mesmo ao gosto do Presidente da República.

De certo que o Presidente da República já deu a desculpa pública que o Chanceler é velho conhecido do micromundo, bem como conhece várias figuras internacionais. Embora colecione fortes inimigos dentro da República, coleciona também fortíssimos amigos fora desta, e, como argumento final, estaria o Executivo desprovido de gente confiável para o cargo.

Por outro lado, é evidente aos olhos de qualquer político portoclarense mais tarimbado que tais argumentos não resistem a nenhuma análise caprichada. Estas pequenas qualidades de forma alguma suplantam o eterno inconveniente do Presidente da República em manter ao seu lado um PSDNista de carteirinha que, sempre e tanto quanto pode, atacou o PDL. Mais, atacou a ele mesmo e detratou seus amigos mais íntimos do poder, como Rodolfo Alvarellos. Para quem não sabe, o Chanceler Luiz Monteiro fora processado penalmente por crime contra a honra, advertido administrativamente e demitido da Maison Diplomatique, tudo em virtude de diferenças com Rodolfo Alvarellos, que vem a ser o atual Vice-Presidente da República e diplomata. Diga-se de passagem, Luiz Monteiro mereceu cada uma das penas.

É cristalino como a água das cachoeiras de Pirraines que o Chanceler não se comporta como estadista. O empregado do Presidente é constantemente visto na praça que fica em frente ao Palácio Diamante discutindo aos gritos com opositores do governo, bem como autoridades máximas de outros países. A ilustrar a passagem, vimos esta semana o Chanceler bater boca com o então Presidente de Mallorca, o qual não concedeu visto diplomático, em pleno passeio público.

A pergunta é: O que segura este Chanceler em seu cargo? A velha desculpa de não haver gente para o trabalho e do mesmo circular com desenvoltura nos meandros e na história dos demais personagens internacionais, com bem se vê, são fraquíssimas frente aos diuturnos constrangimentos que seus atos rendem ao governo.

Há quem diga que, no fundo, o Chanceler sem o saber, diz exatamente o que o Presidente pensa, no tom que este gostaria de se expressar, mas não pode. Sob este ponto de vista, ver seu Chanceler sair no tapa no quintal da sede do executivo ou ainda passar esbaforido e gritando em meio ao passeio público não são em verdade desvantagens ou constrangimentos, mas ossos do ofício.

Mas este tema é por demais estranho, afinal o jornalista que vos escreve é o próprio Chanceler!

Imaginei ainda abordar de forma sistemática e didática a nova política diplomática de Porto Claro consolidada pragmaticamente a luz da nova realidade micronacional de crise de atividade. Tratar com segurança e sinceridade o motivo das constantes recusas ao ingresso de diplomatas na Maison Diplomatique, ou ainda observar o papel destinado a Pasargada, Sofia, Reunião e Mallorca no trato com a República de Porto Claro. Mais uma vez soaria estranho fazê-lo sem antes esclarecer pública e oficialmente tais aspectos.

Espero ser cobrado por isso em praça pública.

Poderia ainda escrever laudas e laudas sobre o comportamento cotidiano de uma sociedade portoclarense que, reconhecendo-se em crise de atividade, insurge-se de toda forma contra o Poder Executivo indagando ao mesmo o que faz, o que fazer, quais soluções e saídas. Uns, de forma absolutamente divorciada do mínimo senso de solidariedade em sociedade, levantam suas vozes contra o governo em reclamos egoístas sem nada se dispor a fazer. Outros, encobertos por um véu delirante de desfaçatez, imprimem ao governo a faca da decisão lhe dizendo habilmente: Chame a todos os partidos políticos, notáveis sociais, representantes dos órgãos privados, para juntos discutirmos uma solução.

Tanto uns como outros não se dão conta que hoje a forma de nosso micronacionalismo simplificou-se, para o bem ou para o mal.

Uns, os egoístas de plenos pulmões, não percebem que o tempo de seus alaridos poderia melhor ser utilizado em projetos pessoais. Olha só que encontro perfeito para o egoísta: Utilizar o tempo para seu proveito próprio. Engrossar a fileira de um partido político, defender uma bandeira para determinado setor, enfim, autopromover-se e fazer a espiral da atividade brilhar de forma ascendente, ainda que egoisticamente.

Outros, os dissimulados ululantes, revestidos de seu magnificente cinismo, precisam perceber que sua retórica de união, ou melhor, de falta de união motivada pelo Executivo, é um discurso por demais démodé e mesmo pueril. Um Poder Executivo, formado por membros de todos os partidos – isso mesmo, PDL, PSDN, FP, P3D e apartidários, que tem ainda sua lista de discussão interna aberta a qualquer colaborador, que se elegeu único e sozinho em uma eleição que na verdade mais assemelhou-se a um referendo não pode ser, de forma alguma, culpado de não chamar a sociedade para o debate.

Uns e outros, em verdade, tem que se dar ao trabalho de fazer surgir estas discussões em própria lista nacional, assumindo todos sua parcela de culpa – que não é nada mais nada menos que o pecadilho de não se doar alguns breves instantes para construções inteligentes sobre nosso país, sem a preocupação de procurar culpados. Uns e outros, ao culpar o Presidente da República, não percebem que em verdade este foi o único herói que teve a coragem de pegar um país parado, mergulhado na inatividade, a custa de seu único esforço, sabendo de ante-mão que seria achincalhado na sorte ou no azar. A ingratidão e a solidão são os únicos acompanhantes fiéis dos Presidentes da República de Porto Claro.

Este é um tema que merece uma dissecação mais premeditada, possivelmente mais de uma coluna e, contudo, esta já está bem adiantada. A possibilidade de não ser compreendido é grande. Logo então me vem a cabeça fazer o que usualmente os jornalistas fazem: Abusar da posição privilegiada junto ao poder para trazer novidades. Tenho notícias quentes junto ao Ministro Ruggero Finneti. Notícias de primeira mão e alentadoras.

Batem à minha porta.

Quem será que me incomoda agora, no meio de meus pensamentos. Me levanto lentamente e abro a porta. E qual não é minha surpresa e espanto ao ver o Cidadão Vinícius Prates? Que cara corajoso, penso eu, vir aqui no meu escritório, de surpresa e poucos dias após eu ter lhe dirigido algumas ásperas palavras. Por acaso eu estava com sua Coluna da Chrono na mão, acabara de lê-la.

Em verdade achei pouco corajosa, alguns erros de português, mas muito franca, direta e cordial. Acima de tudo gostei por sua participação na Chrono. É a espiral da atividade sendo percorrida no sentido ascendente. Isso de fato me deixou muito feliz. Ao recebê-lo, disfarcei minhas críticas e lhe disse o quanto gostara de ter se exposto. Dentro das redações dos jornais, nossas discussões ganhariam muito.

Falamos amenidades, me perguntou sobre a possibilidade de processar o presidente por ter lhe chamado de moleque, havia ficado muito irritado, ainda estava. Disse-lhe rapidamente que isto era uma besteira. Eis mais um tema: até que ponto as ofensas irrogadas em discussões políticas constituem-se em crime ou falta de urbanidade, se merecem aplicação do código profilático repressor legal ou se merecem as conseqüências sociais de um indivíduo não desejado.

Falamos também de um possível jornal a ser lançado na sexta feira. Gostei, discutimos formatos, publicação, linha editorial. Muito mais interessante fazer do que falar... tudo volta a este tema.

Percebo que me alonguei demais e discretamente finjo esquecer as notícias que tinha coletado junto ao Ministro da Cultura. Minha coluna está longa demais. Sinto que nada disse. Mentira! Pela segunda vez no meio de meu texto escrevo esta palavra seguida do ponto de exclamação.

Retomando: Mentira! Sinto que disse muito, mas pela metade. Possivelmente passarei incompreendido, mas não importa. Consegui começar, voltei a escrever. Isso me deixa feliz, me faz sentir que entrei na espiral da atividade no sentido ascendente. Na próxima terça feira, me dedicarei a um único assunto, prometo.

E logo mergulho novamente em meus devaneios sobre um tema “fundamental, exasperante, corajoso e principalmente novo”...

Luiz Monteiro
é o Chanceler da República de Porto Claro

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