Neocon?
Ninguém duvida da legitimidade da meteórica ascensão política de Gustave Lièban. Não há o que se questionar a construção paciente de sua candidatura presidencial. Mas nem o militante mais ferrenho da esquerda da Frente Plural poderia imaginar um governo tão distante dos propósitos e ideais deste movimento político.
Elogia e recebe elogios rasgados das pessoas que mais lutaram para que a Frente Plural e o próprio projeto político pessoal dele naufragassem. Com memória curta, não lembra da fracassada articulação de Luiz Monteiro, propondo uma frente ampla de apoio ao Sávio que isolasse a FP no cenário político. Desgastado publicamente e derrotado eleitoralmente por duas vezes seguidas, Monteiro encontrou no governo Lièban um habitat promissor. Outrora desempregado, ganhou status de Ministro mais influente do governo, sendo o principal porta-voz das políticas de governo.
O Presidente da República gosta de posar de Dilma Roussef (como se isso fosse bom) mas faz governo de José Dirceu. Repete muito "eu faria", "eu fiz", "eu fui", "eu sou", "eu farei". Muita bravata e algumas tentativas duras de fazer valer seu projeto. De ultrajovem rebelde a neoconservador promissor? Os próximos quatro meses nos darão mais clareza sobre o caminho trilhado por Gustave. Até aqui, a opção foi por fazer uma espécie de "governo híbrido", com roupas de projeto renovador mas com um corpo desgastado, envelhecido e lento.
Adamastor, o burocrata.
Adamastor trabalha como revisor de assinaturas e "exposições de motivos" no departamento de "Ordens do Dia Retornadas", que fica situado no subsolo do Senado. Ele acredita em tudo o que os políticos falam na Lista Nacional. Ele acredita que o sistema monetário sairá em breve e acredita na objetividade da ANN. Adamastor acredita que a lista do governo é fechada porque todo governo bom tem lá os seus segredos. Nacionalista, acredita que Luca Dalbianco foi o maior parlamentar que o país já teve e carrega até hoje uma foto autografada do antigo líder do PN.
D. Fátima, a professorinha.
D. Fátima dá aulas de OSPP (organização social e política portoclarense) numa escola pública na capital de Pirraines. Sempre tenta explicar aos seus alunos o sofisticado politiquês portoclarense. Ela acha que, quando o Presidente da República diz que que quer "dividir" e "democratizar" a ANN, ele está querendo dizer que o seu atual diretor não é capaz de organizar um órgão de imprensa oficial a partir do Executivo que seja imparcial, objetivo e preciso e que cubra as notícias do país sem fazer política.
Fabiano Carnevale
Presidente do Senado de Porto Claro
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